quarta-feira, 30 de maio de 2012

período interbíblico - A glória de Israel - Parte final


Depois de terríveis domínios, tantas lutas e tantas vitórias, finalmente o povo de Israel consegue se tornar independente. Finalmente as promessas do Antigo Testamento referentes à restauração da glória de Israel são cumpridas. Deus é realmente FIEL! Ele nunca deixou de cumprir suas promessas. Todas as profecias do Antigo Testamento se cumpriram. As últimas foram à vinda de Jesus e o surgimento de um novo profeta que era João, o Batista.


Paz e progresso seriam as melhores palavras para descrever este período da história de Israel. Depois de 30 anos onde tivemos os governos de Judas Macabeu e Jônatas (somados) tivemos então o governo de Simão. Segundo o livro Panorama histórico de Israel para estudantes da Bíblia de Antônio R. Gusso o período de governo de Simão foi igual ao dos dois irmãos somados, mais 30 anos, ou seja, mais de 60 anos.

Simão, apesar de não ter usado o título de rei por saber que este título só deveria ser dado aos descendentes de Davi governou muito bem a Judéia, re-estabeleceu tratados com Roma, criou tribunais, enriqueceu a nação, além de ter embelezado o Templo e a cidade de Jerusalém, protegeu os humildes de seu povo e zelou pela lei.

É bastante importante este período do governo de Simão para a constatação de que as profecias do Antigo Testamento já se cumpriram (conforme o próprio Jesus Cristo afirma em Mateus 11:13). Ocorre que muitos, desconhecendo este período da História de Israel, acham que as profecias de retorno do cativeiro, paz e prosperidade ainda irão se cumprir, por acharem que Israel viveu dominado por outras nações (Babliônios, Persas, Sírios, Gregos e Romanos) desde o final do Antigo Testamento e que, como continuam em conflitos até os dias de hoje, esta paz e prosperidade ainda não teria ocorrido.

Apesar de não fazer parte do Cânon da Bíblia Evangélica e do Cânon Hebraico, o Primeiro Livro dos Macabeus (que faz parte do Cânon Católico) é o que melhor descreve este período, com destaque para o capítulo 14.

Leia o texto:

1º Macabeus, 14:4-15

4.Na Judéia reinou a paz, enquanto viveu Simão. Procurou o bem-estar de seu povo, e este se agradou do seu poder e reputação. | 5.Com toda a glória que adquiriu, tomou Jope como porto e construiu um acesso para as ilhas do mar. | 6.Alargou as fronteiras de seu povo e estendeu sua autoridade sobre todo o país. | 7.Repatriou muitos dos judeus prisioneiros do estrangeiro, apoderou-se de Gazara, de Betsur e da cidadela de Jerusalém, que purificou de suas manchas, e ninguém ousava opor-lhe resistência. | 8.Os que cultivavam a terra trabalhavam em paz; o solo dava suas colheitas e as árvores dos campos, seus frutos. | 9.Os velhos assentavam-se nas praças públicas e entretinham-se com o bem comum; os jovens revestiam-se com troféus e com equipamentos de guerra. | 10.Simão forneceu víveres às cidades e tomou resoluções para edificar praças fortes, de modo que em toda parte, até as extremidades da terra, celebrava-se seu nome. | 11.Estabeleceu a paz em seu país, e todo o Israel exultava de alegria. | 12.Cada um podia assentar-se sob sua parreira ou figueira sem recear o inimigo. | 13.Não houve ninguém para atacá-los, e os reis, nessa época, foram abatidos. | 14.Protegeu os humildes entre seu povo, zelou pela lei e exterminou os ímpios e os perversos. | 15.Contribuiu para o esplendor do templo e enriqueceu o tesouro.

Que bela descrição de um governo. Como eu desejaria que nossos governantes de hoje em dia pudessem ter uma biografia como esta registrada para as futuras gerações. Tenho a certeza de que qualquer governante de qualquer parte do mundo se sentiria muito feliz de ver um relato como este referente ao seu período de governo.

Fim da glória de Israel


Porém, para sua desgraça, Simão casou uma de suas filhas com um dos descendentes dos Ptolomeus do Egito. Em 135 a.C. seu genro Ptolomeu assassinou Simão (e alguns filhos e amigos) com o intuito de galgar ao trono de Israel.

João Hircano, filho de Simão, foi rápido em suas decisões e reivindicou o trono antes de Ptolomeu conseguir fazer o mesmo. Em seu governo Hircano anexou a Iduméia, Samaria e a Pereia. Ou seja, realizou uma expansão territorial para Judá. Ele também cunhou a sua própria moeda o que simbolizava claramente a total independência de Israel com relação aos impérios daquela época.

Esta expansão territorial é significativa para mostrar o poderio econômico, militar e social de Israel, no entanto, ela também é a razão de alguns problemas futuros. Ocorre que todos os habitantes destas regiões foram obrigados a serem circuncidados tornando-se judeus por obrigação. Da mesma forma que o batismo infantil de hoje criou uma série de pessoas “ditas” cristãs, mas que de coração não o são, também esta circuncisão obrigatória gerou judeus que só o eram na carne, mas não no coração. Deus não quer servos que O sirvam por obrigação, Ele deseja servos que O sirvam de coração, por decisão própria.

Esta circuncisão obrigatória gerou um povo judeu na carne e que não era judeu de coração, destes surgiu Herodes que foi decisivo na época do início do Novo Testamento causando inúmeros problemas para o povo judeu.

Nesta época da expansão territorial de Judá começou um dos períodos mais tristes da história de Israel. Uma verdadeira decadência da Nação. Ocorre que a politicagem e a divisão em partidos começaram exatamente neste período de Hircano.

É importante ressaltar que esta divisão partidária era na verdade político-religiosa. Sendo inicialmente aliado dos Fariseus, Hircano ofendeu gravemente o partido dos Fariseus e se aproximou do partido dos Saduceus.

Esta mudança de lado se deu quando houve uma falsa acusação de que ele não poderia ser sumo sacerdote por ter sido a mãe dele, supostamente, prisioneira de guerra, o que segundo as leis farisaicas desqualificava-o para o cargo.

Daqui para frente, o que ocorre com eles é muita briga. Onde há partidos há discussões e fatalmente divisões. Isto ocorreu com Israel. Eles tiveram paz, prosperidade, independência, voltaram a enriquecer, viveram liberdade religiosa e seus inimigos foram afastados, mas agora, passaram a brigar dentre si. O inimigo passou a ser seu irmão da mesma nação.

Decididamente é clara a afirmação de que os ideais políticos e religiosos dos Macabeus haviam ficado para trás dando lugar a projetos particulares ambiciosos de poder.

Com sua morte João Hircano deixou o comando da nação à sua esposa e a seu filho mais velho Judá Aristóbulo, mas este, não querendo dividir as glórias do poder, prendeu sua mãe e irmãos e fez com que sua mãe morresse de fome e matou também seu irmão Antígono. Só não cometeu mais loucuras porque morreu com apenas um ano de reinado.


2 saduceus, Jesus e 1 fariseu
Aristóbulo II e Hircano II eram filhos de Salomé Alexandra que como viúva de Judá Aristóbulo se casou com seu cunhado Alexandre Janeu, estes seriam os futuros sucessores de Judá Aristóbulo após a sua morte. Vale ressaltar que Aristóbulo II era aliado dos Saduceus e Hircano II era aliado dos Fariseus e portanto cada um destes partidos político-religiosos desejava que um dos irmãos fosse o novo governante.

Fariseus e Saduceus:

Para entender de onde surgiram estes partidos político-religiosos, os antigos Hasidim deram origem aos Fariseus (palavra que significa separatistas) e aos Essênios (os que produziram os famosos Papiros do Mar Morto na comunidade Qumran). Já os helenistas, aqueles que achavam ser possível manter a sua religião e ter a cultura helênica, deram origem aos Saduceus. Notório é que a maioria dos membros da aristocracia judaica eram Saduceus nesta época.

Os Hasidim mais zelosos geraram a seita dos Fariseus. Neste ponto é interessante explicar que tanto a nomenclatura “partido”, quanto a nomenclatura “seita” se aplicam aos Fariseus. Ocorre que a palavra seita, em sua origem, não tinha a conotação negativa que existe hoje. Na época de Jesus existiam a seita dos Saduceus, dos Fariseus, dos Zelotas e dos Essênios. Também o Cristianismo foi chamado de Seita naquela época, por, a princípio, acharem que se tratava de uma subdivisão ou uma corrente de pensamento dentro do Judaísmo. O nome Cristianismo surgiu apenas anos mais tarde em Antioquia.


Apesar dos Fariseus estarem mais perto do que Deus queria, ou seja, buscavam mais a Ele, houve um momento em que os ritos passaram a ser mais importantes do que o relacionamento. Os fariseus aos poucos deixaram de serem zelosos defensores da genuína fé em Deus para se tornarem zelosos defensores da tradição farisaica. Foi este o motivo de Jesus ter atacado tão diretamente aos fariseus. Foi esta a razão de Jesus não gostar dos Fariseus e de até hoje entendermos o termo Fariseu como sendo algo falso, fingido, superficial e tradicionalista.

fariseus
Por outro lado, os saduceus não eram muito melhores. Ocorre que estes tentavam encontrar um jeitinho de manter parte da cultura helenista (com todos os absurdos da mesma) e também serem judeus. Isto fazia com que fossem superficialmente judeus, sem um relacionamento profundo com Deus e também fossem veladamente praticantes de inúmeras atividades helênicas como nas vestimentas, no culto a beleza…

Contexto Geral:


general Pompeu

No mesmo tempo em que estava havendo esta disputa em Judá dentre os irmãos Aristóbulo II e Hircano II que era na verdade uma guerra civil dentre as duas seitas, o general romano Pompeu foi até Damasco para receber homenagens e presentes dos reis da Ásia.

Ambos os irmãos, um sem saber do outro, buscaram ajuda de Roma para consolidar-se no poder em Israel. Depois de um longo tempo sem tomar decisão (muito provavelmente pela experiência política dos dirigentes romanos), Roma acaba tomando o partido de Hircano e coloca-o no sacerdócio, bem como lhe dá o governo civil (apesar de que quem governava na verdade era Antípater).

Isto gerou mais guerra interna, muitas vidas de judeus foram ceifadas e infelizmente, acabou por fazer com que a Judéia perdesse sua independência, pois, a partir deste momento, passou a pagar tributos a Roma e assim, foi re-anexada a província da Síria (que a esta época já estava sob o domínio romano) e passou a fazer parte de mais uma das províncias romanas.

Este foi o fim do tempo de glória de Israel. O povo se afastou de Deus, alguns se apegando a tradições e outros achando normal a paganização de suas vidas. Criaram-se partidos, as decisões passaram a ser controladas pelos partidos e não por Deus. As pessoas passaram a se odiar pelo simples fato de serem de seitas diferentes e o relacionamento com Deus foi deixado de lado.

É interessante notar que Deus, mesmo nesta situação terrível do povo judeu, já estava preparando o caminho para o desenvolvimento de Sua Igreja na Terra. Ocorre que o irmão de Hircano II, Aristóbulo II que era o candidato opositor deste que foi consolidado como governante de Judá, foi levado para Roma, em companhia de vários outros judeus, como prisioneiros de guerra, estes devem ter formado o núcleo inicial da colônia judaica em Roma que, mais tarde, viria a ser a base inicial da Igreja Cristã na capital do império romano. Mesmo nas piores situações os planos de Deus são imutáveis e tudo realmente coopera para o bem do povo de Deus.


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