
Nesta oportunidade estaremos se baseando na Palavra de Deus na carta de Paulo aos 2 Co 5.1-10; Ap 19.9; Mt 25.10.
Na
seqüência dos eventos escatológicos, dois deles subseqüentes ao
arrebatamento da Igreja acontecerão no céu: o tribunal de Cristo e as
bodas do Cordeiro. Os eventos na Terra depois do arrebatamento da Igreja
acontecem durante a Grande Tribulação. Nesta lição, trataremos
especialmente sobre o tribunal de Cristo, período de julgamento das
obras dos santos arrebatados para a presença de Cristo.
Quando
a Bíblia diz que “todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo”,
está, de fato, declarando que o ato de comparecer significa ser colocado
à luz da justiça de Cristo.
A
idéia sugerida é a de phanerosis (no grego), que quer dizer
“manifestação”. O propósito do tribunal é o de manifestar as obras
praticadas pelo cristão e colocá-las à prova do fogo para que se
identifique os materiais mediante os quais praticamos nossas obras. O
caráter do julgamento é individual. Não se trata de um julgamento em
massa, em classes, mas um por um (1 Co 3.13).
A
doutrina do Purgatório ensina que as pessoas, depois da morte, vão para
o Purgatório para purgarem seus pecados e obras nesta vida. Essa
purgação aconteceria através do fogo. Entretanto, esta é uma doutrina
espúria e falsa. A figura do fogo no tribunal de Cristo nada tem a ver
com purgatório, e o seu papel é o de expor as impurezas, e não o de
possibilitar a salvação de ninguém. Não há qualquer relação do tribunal
de Cristo com o Purgatório.
I. O QUE É O TRIBUNAL DE CRISTO
O apóstolo Paulo descreve em 1 Co 3.9-15, o cristão como um construtor que usa vários tipos de materiais numa construção.
Assim,
no sentido espiritual, o valor do seu trabalho vai depender dos
materiais que usará para construir sua obra. Paulo adverte: “cada um
veja como edifica” (1 Co 3.10). A construção do cristão precisa ser
feita sobre um fundamento eficaz e correta, e com materiais de qualidade
que dêem sustentação à sua vida espiritual.
II. ASPECTOS GERAIS DO TRIBUNAL DE CRISTO
1. O tempo. É
lógico que o tribunal não pode acontecer logo após a morte de qualquer
cristão. Ele se dará por ocasião de um tempo especial e determinado
depois do arrebatamento da Igreja.
2. O lugar. Não
há texto específico que declare o local, mas o contexto bíblico indica
que, uma vez a Igreja arrebatada até as nuvens, nos céus, a instalação
do tribunal de Cristo, inevitavelmente, terá de ser no céu, nas regiões
celestiais.
3. Os julgados. Quem
será julgado no tribunal? Quais são os sujeitos desse tribunal?
Indubitavelmente, as pessoas julgadas nesse tribunal são os santos
remidos por Cristo. O texto de 2 Co 5.1-10 fala daqueles que lutam nesta
vida para alcançarem o privilégio de serem revestidos de uma habitação
espiritual no céu.
Não
haverá discriminação nesse lugar. Só entrarão os salvos, os remidos.
Não haverá lugar nesse tribunal para julgamento condenatório.
4. O juiz. O
apóstolo Paulo declara que o exame das obras dos crentes será realizado
perante o Filho de Deus (2 Co 5.10). O próprio Jesus falou que todo o
juízo é colocado nas mãos do Filho de Deus. Faz parte da exaltação de
Cristo depois de Sua conquista no Calvário receber do Pai toda a
autoridade e poder para julgar.
III. COMO PROCEDERÁ O TRIBUNAL DE CRISTO
1. A forma do exame. E
claro que não se trata de examinar quem será salvo ou não. A salvação
do crente implica no ato especial da misericórdia divina mediante a
aceitação da obra expiatória de Cristo e a sua manutenção enquanto ele
estiver neste mundo. Todo crente está livre do Juízo se permanecer fiel
até o fim (Rm 8.1; Jo 5.24; 1 Jo 4.17).
Então,
o julgamento não tratará da questão do pecado, de condenação, uma vez
que o pecado já foi abolido na vida do crente e, por isso, ele estará no
céu.
2. Os materiais da obra de cada crente (1 Co 3.12). O
apóstolo Paulo mencionou seis diferentes materiais que,
figurativamente, representam os elementos que empregamos na construção
de nossa vida cristã. Os materiais são indicados como ouro, prata,
pedras preciosas, madeira, feno e palha. Os três primeiros são
resistentes ao fogo do julgamento de Cristo. Os três últimos são frágeis
e não resistem ao juízo de fogo.
3. A obra de cada um será provada (1 Co 3.13-15). O
tribunal de Cristo avaliará os materiais que temos utilizado na
construção do edifício da nossa vida cristã. As obras feitas com
madeira, feno e palha serão manifestas naquele dia, e o galardão será
consoante à avaliação divina. Os materiais de madeira, feno e palha são
inflamáveis e perecíveis, por isso, tudo o que for construído com eles
não subsistirá.
4. O juízo que determinará a qualidade das obras feitas (2 Co 5.10). As obras praticadas pelo crente serão submetidas ao julgamento naquele dia para se determinar se são boas ou más.
A
palavra “mal” na língua grega aparece como kakosou poneros, e ambas
significam aquilo que é eticamente mal. Porém, a palavra poneros, além
de denotar maldade, tem o sentido de se estar praticando alguma coisa de
total inutilidade. Portanto, o que Paulo entendia como obras más era a
prática de coisas sem utilidade alguma, feitas com materiais
espiritualmente imprestáveis.
IV. EXAME FINAL NO TRIBUNAL DE CRISTO
No
texto de 1 Co 3.14,15 está declarado que haverá dois resultados finais
do exame (a prova do fogo) das obras manifestas: o recebimento e a perda
da recompensa.
1. Perda da recompensa. Esse
fogo nada tem a ver com o fogo do Geena. O fogo do tribunal de Cristo é
figura da luz que revela as impurezas, ou seja, a purificação.
Portanto, as obras feitas por impulso carnal e para a ostentação da
carne não suportarão o calor do fogo de Deus, por mais bonitas que
sejam, serão desaprovadas.
2. Obtenção da recompensa. As
obras praticadas com materiais indestrutíveis na prova do fogo serão
dignas da recompensa final. O Novo Testamento apresenta várias
recompensas, mas destaca algumas relativas às atividades especiais. O
próprio Senhor Jesus, Juiz desse tribunal, é quem fará a entrega dos
prêmios, galardões, recompensas (2 Co 9.6).
Ele
declara a João, na ilha de Patmos, dizendo: “O meu galardão está comigo
para dar a cada um segundo as suas obras” (Ap 22.12). O apóstolo Paulo
declara, também, que todo crente receberá o seu louvor (elogio) da parte
de Deus (1 Co 4.5).
3. Tipos de recompensas. O
Novo Testamento usa uma linguagem especial dos tempos do primeiro
século da era cristã relativa ao tipo de galardão que os vencedores das
olimpíadas gregas e romanas recebiam como prêmio. Havia coroas de vários
materiais representando o tipo de vitória conquistada por aqueles
vencedores (1 Co 9.24,25).
a) a) A coroa da vitória
(1 Co 9.25). A vida cristã se constitui numa batalha espiritual contra
três inimigos terríveis: a carne, o mundo e o diabo. Esta coroa é
denominada, também, como coroa incorruptível, porque se refere à
conquista do domínio do crente sobre o velho homem.
b) b) A coroa de gozo
(1 Ts 2.19; Fp 4.1). A palavra gozo significa prazer, alegria,
satisfação. Uma das atividades cristãs que mais satisfazem o coração do
crente é o ganhar almas. Isto é, praticar o evangelismo pessoal e ganhar
pessoas para o reino de Deus. Na busca do gozo nesta vida, nada é
comparável ao de salvar almas para Cristo, livrando-as da perdição
eterna. Por isso, quem ganha almas, sábio é (Pv 11.30; Dn 12.3).
c) A coroa da justiça
(2 Tm 4.7,8). É o prêmio dos fiéis, dos batalhadores da fé, dos
combatentes do Senhor, os quais vencendo tudo, esperam a Sua vinda.
d) d) A coroa da vida
(Ap 2.10; Tg 1.12). Não se trata da simples vida que temos aqui. Essa
coroa é um prêmio especial porque implica conquista de um tipo de vida
superior à vida terrena, ou à simples vida espiritual, como a tem os
anjos. É a modalidade de vida conquistada mediante a obra expiatória de
Cristo Jesus — a vida eterna. E o galardão da fidelidade do crente.
e) A coroa de glória (1 Pe 5.2-4). Certos
eruditos na Bíblia entendem que esta coroa é o galardão dos ministros
fiéis que promoveram o reino de Deus na Terra, sem esperar recompensa
material.
A
lição maior que aprendemos acerca do tribunal de Cristo consiste em
atentarmos diligentemente para a nossa responsabilidade individual como
cristãos no que se refere às ações tanto as de caráter social quanto as
espirituais praticadas em benefício do reino de Deus.
Existem,
pelo menos, seis outros julgamentos escatológicos na Bíblia além do
tribunal de Cristo: o julgamento dos pecados no Calvário (Jo 12.31,32); o
julgamento pessoal do crente quanto à sua participação no corpo de
Cristo (1 Co 11.31,32); o julgamento de Israel (Ez 20.33-44); o
julgamento das nações no período da Grande Tribulação (Mt 25.33-46); o
julgamento dos anjos caídos (2 Pe 2.4; Jd vv.6,7); e o julgamento do
Grande Trono Branco (Ap 20.11-15). A maioria desses julgamentos já
aconteceu e, alguns outros estão preditos para acontecer no futuro. São
julgamentos que envolvem justiça e juízo.
O
tribunal de Cristo e o tribunal do Grande Trono Branco são os dois
principais tribunais de prestação de contas diante dos quais cada pessoa
neste mundo deverá comparecer.
Sendo que o tribunal de Cristo será exclusivamente para os salvos.
Jesus falou em Mt 12.36 que “toda palavra ociosa (ou frívola) que os
homens disserem hão de dar conta no dia do juízo”. O apóstolo Paulo
declarou que todos vão colher o que semearam (Gl 6.7), e, numa palavra
especial aos cristãos, Paulo escreveu que os que servirem bem ao Senhor
receberão a recompensa da sua herança (Cl 3.24,25).
Muitos
cristãos que vivem uma vida cristã descuidada, além de correrem o risco
de perderem a salvação, caso sejam salvos, não receberão recompensa no
tribunal de Cristo. A perda de recompensa naquele dia por muitos dos
salvos não significa castigo. Uma reflexão constante disso hoje faz-nos
primar pela qualidade do trabalho cristão que fazemos para Deus.
Em
1 Co 9.27, Paulo se preocupa e teme em depender da força da carne em
vez de depender da força do Espírito, por isso, diz: “Antes subjugo o
meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo
não venha de alguma maneira a ficar reprovado”.
Ao
usar a palavra “reprovado” (adokimos), Paulo não está temendo perder a
sua salvação, mas está preocupado se o seu trabalho no dia das contas
não for aprovado. Neste contexto, a Bíblia diz o seguinte: “Se a obra de
alguém se queimar sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia,
como pelo fogo” (1 Co 3.15).
Paulo
tinha a convicção de que a “coroa da justiça” lhe estava garantida,
porque se não tivesse feito qualquer outra obra que merecesse um
galardão maior, ela lhe seria conferida por sua retidão no ministério
outorgado pelo Senhor. Pensar dessa forma não significa que havia no
coração do apóstolo qualquer resquício de presunção.
Cada um de nós devemos ficar alerta já que:
“Porque
todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um
receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, bem ou mal” (2 Co 5.10).
Publicado em: 10/5/2012
Por: Presbítero Jânio Santos de Oliveira
Por: Presbítero Jânio Santos de Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário