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Nesta oportunidade vamos meditar na Carta de Paulo ao 1 Ts 4.13-18.
13 - Não
quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem,
para que não vos entristeçais como os demais, que não têm esperança.
14 - Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele.
15 - Dizemo-nos,
pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a
vinda do Senhor, não precederemos os que dormem.
16 - Porque
o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a
trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro;
17 - depois,
nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas
nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o
Senhor.
18 - Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras.
Quando
a Bíblia fala da vinda do Senhor Jesus, o assunto aparece como um só
evento. Mas no seu contexto doutrinário, ela tem duas etapas distintas. A
primeira, invisível para o mundo, é o arrebatamento da Igreja; a
segunda, visível, fala da vinda de Jesus em glória, especialmente para
Israel (Ap 1.8; Zc 14.4).
I. ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO
Existem
três escolas distintas de interpretação a respeito do arrebatamento da
Igreja. Elas abrem espaço para entendermos como e quando ocorrerá esse
grandioso evento.
1. Pós-tribulacionista. Essa escola interpreta que a Igreja remida por Cristo passará pela Grande Tribulação.
2 . Midi-tríbulacionista. Ensina
que a Igreja entrará no período da Grande Tribulação até a sua metade.
Seus intérpretes se baseiam numa interpretação isolada de Dn 9.27, cujo
texto fala que depois do opressor firmar um concerto com Israel por uma
semana, “na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de
manjares”.
3. Pré-tribulacionista. Podemos
começar entendendo essa escola de interpretação com as palavras de
Paulo aos tessalonicenses, quando escreveu: “Porque Deus não nos
destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor
Jesus Cristo”, 1 Ts 5.9. Ensina que o arrebatamento da Igreja ocorrerá
antes que se inicie o período da Grande Tribulação. É uma interpretação
que honra as Sagradas Escrituras e ajusta-se devidamente à esperança
cristã da volta do Senhor nos ares.
II. DUAS PALAVRAS GREGAS RELATIVAS AO ARREBATAMENTO
Encontramos
várias palavras no grego do Novo Testamento relativas ao arrebatamento
que podem aclarar nosso entendimento acerca do arrebatamento.
Destacaremos duas palavras principais:
1. Parousia. Literalmente
quer dizer “presença”, “chegada rápida”, “visita”. É a palavra mais
freqüentemente usada nas Escrituras para descrever o retorno de Cristo,
pois ocorre 24 vezes. Seu sentido é abrangente porque não define apenas a
volta de Cristo até ou sobre as nuvens, mas em outras vezes se refere à
Sua volta pessoal à Terra (1 Co 15.23; 1 Ts 2.19; 1 Ts 4.15; 5.23; 2 Ts
2.1; Tg 5.7,8; 2 Pe 3.4). Portanto, o sentido é geral e não específico.
A ênfase maior é dada à vinda corporal e visível de Cristo.
2. Epiphanéia. Literalmente
significa “manifestação”, “vir à luz”, “resplandecer” ou “brilhar”. O
sentido é mais específico, porque se refere especialmente à vinda sobre
as nuvens. É a volta pessoal de Cristo à Terra que acontecerá com uma
manifestação visível e gloriosa (2 Ts 2.8; 1 Tm 6.14; 2 Tm
4.6-8). Parousia é abrangente e pode referir-se tanto à vinda de Cristo
para a Igreja como para o mundo. Entretanto, epiphanéia é um termo que
especifica a volta de Cristo à Terra de modo mais direto, porque diz
respeito à Sua manifestação pessoal ao mundo.
3. A diferença entre as duas etapas. Referente
ao arrebatamento, Cristo virá até ou sobre as nuvens (1 Ts 4.17). Será
de modo invisível para a Terra, porque virá para os Seus santos nos
ares. Em relação à manifestação pessoal de Cristo na Terra, Ele virá
sobre as nuvens, de modo visível e com os seus santos (Cl 3.4).
No
primeiro evento, Cristo, pelo poder da Sua Palavra e com voz de
arcanjo, arrebatará, num abrir e fechar de olhos, a Igreja remida pelo
Seu sangue (1 Co 15.52). Esse arrebatamento acontecerá antes que venha o
Anticristo e instale o seu domínio sobre a terra por sete anos.
O
segundo evento da volta de Cristo acontecerá no final dos sete anos da
Grande Tribulação, quando Ele irá destruir o domínio do Anticristo e
instalar seu reino de mil anos (Ap 19.11; 20.1-60).
III. PARTICIPANTES DO ARREBATAMENTO DA IGREJA
1. O próprio Senhor Jesus Cristo. Diz
a Escritura: “Porque o mesmo Senhor... descerá do céu” (1 Ts 4.16). O
apóstolo Paulo dá ênfase ao senhorio de Jesus conquistado no Calvário
quando diz : “o mesmo Senhor”. Os vivos em Cristo e os mortos salvos
receberão a ordem de comando do próprio Senhor Jesus Cristo.
2. O arcanjo. A
tradução do texto diverge na forma, mas não anula o fato, conforme está
escrito: “à voz do arcanjo” ou “com voz de arcanjo” (1 Ts 4.16). O
texto de Daniel indica que o arcanjo Miguel participará do evento da
segunda vinda de Cristo (Dn 12.1), mui especialmente da epiphanéia,
quando Cristo, rodeado de exércitos celestiais, descerá sobre a Terra,
no monte das Oliveiras (Zc 14.3,4; Ap 1.6,7).
Porém,
no evento do arrebatamento da Igreja, a participação do arcanjo será
efetuada pela voz de comando e chamamento, a qual será ouvida apenas
pelos remidos.
Os mortos em Cristo. Naquele
dia, os mortos e os vivos em Cristo ouvirão a voz de chamamento da
trombeta do Senhor pelo arcanjo, e “num abrir e fechar de olhos” (1 Co
15.51,52), estarão na presença do Senhor nos ares, com corpos
glorificados. A palavra “mortos” diz respeito aos santos que
ressuscitarão com corpos transformados em corpo espiritual (soma
pneumatikon), enquanto que, os corpos dos ímpios permanecerão em suas
sepulturas até o dia do Juízo Final (Ap 20.12). Assim como Cristo
ressuscitou corporalmente, também, os crentes salvos ressuscitarão
corporalmente (Lc 24.39; At 7.55,56). Na lição referente à ressurreição
tratamos sobre a natureza dos corpos ressurretos.
4 Os vivos preparados. O
mesmo poder transformador operado nos corpos dos que morreram no Senhor
atuará nos corpos dos crentes vivos naquele dia. Aos tessalonicenses,
Paulo declarou: “depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados”
(1 Ts 4.17); e aos coríntios, também, disse: “nem todos dormiremos, mas
todos seremos transformados” (1 Co 15.51).
Quase
que simultaneamente à ressurreição dos mortos em Cristo naquele
momento, os vivos em Cristo também ouvirão a voz do arcanjo, e num tempo
incontável, serão transformados e arrebatados ao encontro do Senhor nos
ares.
Os
corpos mortais serão revestidos de imortalidade, porque nada terreno ou
mortal poderá entrar na presença de Deus. Será o poder do espírito
sobre a matéria, do incorruptível sobre o corruptível (1 Co 15.53,54). O
arrebatamento dos vivos implica livrá-los do período terrível da Grande
Tribulação.
IV. ELEMENTOS ESPECIAIS DO ARREBATAMENTO
Alguns elementos especiais e misteriosos indicam a natureza e procedimento do arrebatamento da Igreja na vinda do Senhor.
1. Surpresa. Esse
elemento é rejeitado por alguns grupos que entendem que não haverá dois
eventos distintos: o arrebatamento da Igreja e a vinda pessoal de
Cristo. Ora, o que a Bíblia nos ensina é que, a Igreja, constituída
pelos mortos e vivos em Cristo, se encontrará nas nuvens com o Senhor.
Se
por alguns a idéia da surpresa é rejeitada, uma grande maioria cristã
prefere o que declara as Escrituras que destacam o elemento surpresa (Tt
2.13; Mt 24.35,36,42-44; 25.13). Esse elemento é fundamental porque a
Igreja vive na esperança da vinda do Senhor.
2. Invisibilidade (1 Ts 4.17). Por
que será um evento invisível e para quem? Será invisível para o mundo
material porque os arrebatados serão constituídos somente dos
transformados. A transformação será tão rápida, que nenhum instrumento
cronológico terá condição de perceber ou marcar o tempo. Quando o crente
conquistar esse corpo imaterial, a matéria perderá totalmente sua força
(1 Co 15.43,44,49,51,53).
3. Imaterialidade (1 Co 15.42, 52,53). Na
verdade, a transformação que ocorrerá na vinda do Senhor será
extraordinária e gloriosa, pois o que é material se revestirá do
imaterial, o corruptível do incorruptível. Todas as limitações da
matéria em nossos corpos serão anuladas completamente, pois,
literalmente, nossos corpos serão revestidos de espiritualidade.
4. Velocidade (1 Co 15.52). Para
tentar explicar a velocidade do evento, Paulo usou o termo
grego átomos, que aparece no texto sagrado pela expressão “num momento”,
cujo sentido literal é indivisível (quanto ao tempo, aqui). A
palavra átomos era usada para denotar “algo impossível de ser cortado ou
dividido”. Também encontramos outras expressões bíblicas para denotar
velocidade, tais como “abrir e fechar de olhos”, ou “o piscar de olhos”.
Mesmo em época avançada e de velocidade da cibernética e da tecnologia,
nada poderá contar e detectar o momento do milagre do arrebatamento da
Igreja.
Estudar
e meditar sobre o arrebatamento da Igreja promove nos remidos a fé e a
esperança na vinda do Senhor. Não nos preocupemos demasiadamente com as
várias teorias de interpretação sobre o arrebatamento (se ocorrerá
antes, no meio ou depois da Grande Tribulação), permaneçamos, sim,
atentos ao fato de que Jesus virá. Devemos estar preparados para
encontrar com o Senhor.
Em relação aos participantes do arrebatamento da Igreja, dois personagens são claramente citados em 1 Ts 4.16:
Jesus
mesmo, pessoalmente, dará ordem aos seus anjos para que reúnam os
remidos de toda a Terra para o encontro com Ele sobre as nuvens. A
ênfase está na expressão “o mesmo”, porque se refere Àquele que passará a
ter todo o poder e glória, isto é, o mesmo que morreu e ressuscitou. “O
mesmo” em quem a Igreja tem confiado se encontrará com ela naquele dia
especial.
Alguns
intérpretes divergem sobre o sentido de 1 Ts 4.16, quanto ao papel do
arcanjo. Os intérpretes conservadores, no entanto, são acordes. A Bíblia
reconhece apenas um arcanjo, Miguel, destacado como “um dos primeiros
príncipes de Deus” (Dn 10.13.21).Publicado em: 10/5/2012
Por: Jânio Santos de Oliveira
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