sexta-feira, 9 de março de 2012

o caso da mulher inocentada...para meditar

"Então, erguendo-se Jesus e não  vendo  a  ninguém  senão  a mulher,  perguntou-lhe:  Mulher,  onde  estão  aqueles  teus acusadores? Ninguém te  condenou?  Respondeu  ela:  Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e  não peques mais" (João 8:10, 11).O  tumulto  podia  ser  ouvido  a  um    quarteirão    dali, interrompendo o pacífico entardecer da  cidade.

"Adúltera!",  acusam-na. "Apanhada em flagrante!"
Mas por quem? E por quê?
Os mestres e fariseus pedem que se cumpra a Lei, e  querem  a  pena  de morte. Mas para que uma pessoa sofra a pena de morte, a  Lei exige que haja pelo menos duas testemunhas. Testemunhas para o ato de adultério. Pode o leitor imaginar a cena?  Fariseus que sussurram e espionam, espreitando curiosos à  janela  da casa onde estava aquela mulher.  Por  quanto  tempo  ficaram ali? O quanto  teriam  visto?  Não  estariam  seus  corações igualmente cheios de adultério ao espreitá-la naquele  lugar de encontros clandestinos? No mínimo  dois  testemunharam  o ato. Embora sem escrúpulos pelo pecado, e nenhuma  compaixão pelo pecador.
Quando já haviam  visto  o  suficiente,  esses protetores da moralidade arrombaram a porta do  quarto  onde ela estava nua e indefesa. Debatia-se, enquanto eles lutavam para subjugá-la. Enfiaram-lhe as roupas  como  se  fosse  um animal capturado num saco,  e  esperneando  e  gritando  foi levada à praça do mercado. Chegou assim ao templo. Arrancada da privacidade de um abraço roubado  e  lançada  à  vergonha pública.
Isto, pensava, é o fim. Seu destino  sempre  ligado ao dos homens. Das mãos deles havia recebido o  pão.  Agora, pedras.
Lá está ela, sombria e calada, o olhar  de  ódio.  A cada olhar, retorna outro, vindo de cada  um  que  a  cerca, devolvendo-lhe o ódio  incandescente  que  marca  sua  alma.
Todos a encaram, exceto Jesus. Enquanto isso,  onde  está  o seu amante? Permitiram-lhe que escapasse pela janela, com  o apoio  das  testemunhas?  Sem  dúvida,  fazia parte da conspiração . .  .  a  conspiração  de  apanhar  Jesus  numa armadilha. Pois não era a mulher que eles queriam  destruir, nem tão pouco era a  Lei  que  queriam  preservar.  
Ela  era apenas a isca; as perguntas  que  faziam,  eram  a  mola  da armadilha.
Mais de uma vez Jesus demonstrara compaixão pelos pecadores.
No entanto,  a  Lei  de  Moisés  é  inflexível  e imparcial para com eles. Se os líderes  religiosos  queriam, de algum modo, colocar Jesus entre a sua lealdade às  tábuas da  Lei  e  o  seu  imperturbável  amor  pelos    pecadores, certamente isso mostraria a todos de que lado estava  Jesus.
Se a escolhesse, raciocinavam, e Ele naturalmente  o  faria, estaria renunciando à Lei.  Teriam  uma  justificativa  para acusá-lo perante o Sinédrio.  A  pergunta  que  usaram  para lançar a armadilha não era de  natureza  teórica,  como  por exemplo: "Qual das esposas ela será após a ressurreição?"  E questão de vida e de morte, da qual dependia não  somente  a sorte dessa mulher, mas também o destino  de  Jesus  Cristo.
Para desapontamento dos líderes, Jesus não entra no  debate.
Simplesmente, abaixa-se e  concentra-se  em  pensamentos.  O silêncio é impressionante; o drama, intenso. Com  os  dedos, ele escreve na areia. As cabeças inclinam-se para decifrar a escrita. Permanecerá para sempre um mistério. Talvez fosse a respeito dos pecados cometidos pelo povo. Talvez  fosse  uma citação de Moisés. Talvez escrevesse os  nomes  dos  líderes preeminentes da cidade.
O que quer que  tenha sido, não  foi  para  os nossos olhos, apenas para quem estava lá. Jesus  levanta-se.
Todos os olhos fixam-se nele.

Por fim, responde: "Aquele que dentre vós está sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra".
Uma a uma, as pedras caíram ao  chão.  E  um  a  um, afastaram-se dali. Começando pelos mais velhos,  talvez  por serem os mais sábios . . . ou, quem sabe, os mais  culpados.
Jesus abaixa-se para escrever novamente. Desta  vez,  apenas para a mulher. Estão sós, agora - transgressor e legislador.
E o único qualificado para condená-la, não o faz. Ela dá  um longo suspiro. O coração palpitando como uma mariposa  presa entre as mãos. O Salvador enfrentou a todos por ela, e lutou por ela. Ela é a vitória Dele. Levanta-se  novamente,  desta vez para libertá-la:

"Ninguém te condenou?" pergunta.
Ao que ela  responde  num  tímido  balbuciar:  "Ninguém,   Senhor".
Quieta, ela aguarda.  Com  certeza,  ele  lhe  preparava  um sermão. Mas  não  houve  sermão  algum.  O  que  ouve  foram palavras de graça:

"Nem eu também te condeno", e palavras de verdade: deveria deixar para  trás  a  vida  de  pecados.  
O tremor diminui. As feições abrandam-se. As rugas da testa se desfazem.  Devo  ficar? Devo  perguntar  alguma coisa?Devo agradecer-lhe? As dúvidas percorrem  sua  mente.  Olha-o.  O semblante está se descontraindo. Para ele também havia  sido uma provação. Respira fundo, e  seu  sorriso  parece  dizer:
"Vai, você está livre agora". Abre a boca para  dizer  algo.
Mas as palavras não vêm. Afasta-se,  e  antes  de  dobrar  a esquina, pára. . . pensa. . . e olha  para  trás  a  fim  de agradecer-lhe. Mas Jesus está sentado, com  a  face  apoiada nas mãos, orando ao Pai. Volta-se e então segue seu caminho, deixando para trás uma  vida  de  pecado.  
Não  há  lágrimas agora. Anos mais tarde, haverá. Em alguns momentos durante o dia, quando olhar para os filhos adormecidos em seus leitos;
ao despedir-se do marido quando este sair para  o  trabalho, de manhã; ao amassar pão na solidão da cozinha. Um casamento que não deveria ter sido realizado. . . uma família que  não deveria ter tido. . . uma vida que não deveria  ter  vivido.
Estava diante do Salvador.  Um  Salvador  que  enfrentara  a todos quando queriam  lançar-lhe  pedras.  Um  Salvador  que condescendeu  em  acolhê-la  e  enviá-la  novamente  ao  seu caminho, perdoada.

Quando Jesus decidiu lutar por aquela mulher, ELE não se colocou a favor do que ela fez de errado como muitos fazem nos dias atuais. Não está registrado o que levou aquela mulher a trair o seu marido, Jesus porém apesar de saber; estava mesmo interessado no que aquela mulher poderia ser apartir daquele momento.

Resta-nos apenas acolher os perdoados por Jesus, dá-lhes uma segunda oportunidade para fazerem o que Jesus determinou:  ..."vai-te, e não peques mais".

Oração:
Amado  Senhor  jesus,  Confesso,  envergonhado,  que algumas vezes já estive no banco dos réus, como condenado. E houve vezes em que  estive  entre  a  multidão,  condenando.
Houve vezes em que meu coração se encheu com o  espírito  do adultério. E houve vezes em que minhas mãos estiveram cheias de pedras. Perdoa-me por um coração tão propenso a  divagar, tão rápido a esquecer  os  votos  feitos  a  ti.  Perdoa-me, também, pela minha pressa  em  trazer  a  ti  os  erros  dos outros. E a minha relutância em trazer os que dizem respeito a mim. Perdoa-me as vezes em que, como um  fariseu,  tive  a presunção de colocar-me como juiz  de  outros.  Outros,  aos quais eu não estava qualificado para julgar. Outros, que tu, embora  qualificado,  te  recusaste  a  julgar.  Ajuda-me  a aumentar minha semelhança contigo, ó Jesus cheio de graça  e verdade. Ajuda-me a viver não pela Lei, mas pela graça, pelo espírito de compaixão que demonstraste por aquela mulher, há tantas  manhãs  passadas.  Dá-me,  peço-te,  a   consciência aguçada dos mais velhos quando encarar os erros  de  outros, de modo que minhas mãos sejam as primeiras a derrubar pedras ao chão, e meus pés os primeiros a deixar o círculo dos  que se achavam  perfeitos.  Graças  te  dou  por  aquelas  doces palavras de amor: "Nem eu te condeno". Palavras que  fluíram tão livremente dos teus  lábios.  Palavras  que,  com  muita frequência, tenho ouvido a cada vez que erro.  E,  na  força daquelas  imerecidas  palavras,  ajuda-me  a  seguir  o  meu caminho e não pecar mais. . .
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