Contrastes Importantes Entre
o Antigo e o Novo Testamentos
Tudo começa
com Deus. Ele nos criou, e ele nos comunica como devemos viver. Desde o primeiro
dia da existência humana, Deus tem falado com o homem, guiando-o na sua jornada
terrestre. O homem depende de Deus para direção. Jeremias disse: “Eu
sei, ó Senhor, que não cabe ao
homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos”
(Jeremias 10:23).
Em épocas
diferentes, Deus tem usado meios diferentes para comunicar mensagens diferentes
ao homem. No princípio, falou com os chefes de famílias, e estes repassaram as
mensagens aos descendentes. Depois, ele separou alguns dos descendentes de Abraão
e lhes deu uma aliança ou testamento especial. Por último, ele falou pelo próprio
Filho e usou os servos dele para transmitir a todos os homens a nova aliança ou
testamento.
Neste
estudo, vamos focalizar alguns contrastes entre a Aliança que Deus fez com os
israelitas no monte Sinai e a Nova Aliança que governa todos os homens hoje.
Nesta comparação, vamos compreender melhor a afirmação de Paulo: “a
letra mata, mas o espírito vivifica” (2 Coríntios 3:6).
Observaremos algumas diferenças importantes nos ensinamentos e práticas das
duas alianças.
“A
Letra Mata, mas o Espírito Vivifica”
Acredito
na palavra de Deus e dou importância ao estudo cuidadoso e a aplicação
precisa das Escrituras. Frequentemente, quando mostramos para algumas pessoas
religiosas que precisam mudar alguma coisa para se alinhar com a vontade de
Deus, revelada no Novo Testamento, alguém tenta fugir usando as palavras de
Paulo: “a letra mata, mas o espírito
vivifica” (2 Coríntios 3:6). O argumento, normalmente, é este: A
letra (o estudo cuidadoso da palavra) é prejudicial e nos mata espiritualmente,
mas o espírito (o que a pessoa sente no coração como a vontade de Deus)
vivifica.
Então, a pessoa conclui, nós não devemos nos esforçar para estudar
a Bíblia. Acredita que devamos deixar o Espírito nos guiar sem conhecimento da
palavra.
Há vários
problemas sérios com esta abordagem. Entre eles:
(1) Este
argumento ignora o contexto de 2 Coríntios 3 e distorce totalmente o sentido do
versículo citado. Já veremos mais sobre isso.
(2) É um
processo de raciocínio que leva a pessoa a adotar uma atitude que Deus condena.
Considere alguns avisos dados por Deus: “Há
caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte” (Provérbios
14:12); “Porque os meus pensamentos não são
os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor”
(Isaías 55:8; observe que ele fala logo em seguida sobre a palavra falada por
Deus – 55:10-11).
(3)
Ironicamente, este raciocínio é usado por algumas pessoas para defender
doutrinas e práticas do Antigo Testamento, que é exatamente o que Paulo está
condenando!
Podemos
resolver a questão do sentido deste versículo com uma boa leitura do contexto
de 2 Coríntios 3.
Tome alguns minutos para ler o capítulo inteiro (são apenas
18 versículos). Agora, vamos ver o que Paulo diz neste capítulo.
Ele falou
de uma relação especial (3:1-6) que envolve
(1) Deus Pai (a suficiência vem
dele, e o homem sem Deus não pode pensar alguma coisa – 3:5);
(2) Cristo (a
confiança vem por intermédio de Jesus – 3:4);
(3) Apóstolos,
especificamente Paulo (ministros da nova aliança de Cristo – 3:3,6; cf.
2:9,12,17); (4) Cristãos, especificamente os coríntios (a carta de recomendação
para o mundo porque receberam a palavra nos corações – 3:2-3).
Com estas
relações como sua base, Paulo continua nos versículos seguintes mostrando a
diferença entre a lei e o espírito (3:7-18).
Ele mostra que o Antigo
Testamento (a letra) traz a condenação, enquanto o Novo (o espírito) oferece
a salvação. Para compreender bem esta parte importante do capítulo, estude a
tabela anexa.
Este
trecho não é um aviso contra o estudo cuidadoso da palavra, e jamais deve ser
usado para justificar a preguiça no estudo ou a teimosia em recusar qualquer
instrução que vem do Senhor.
A
Letra Mata
|
O
Espírito Vivifica
|
“o
ministério da morte, gravado com letras em pedras” (3:7)
|
“o
ministério do Espírito” (3:8)
|
Moisés
(3:7)
|
Apóstolos
de Jesus (3:6)
|
“O
ministério da condenação” (3:9)
|
“o
ministério da justiça” (3:9)
|
Glorioso
(3:9)
|
Muito
mais glorioso (3:9)
|
“foi
glorificado...já não resplandece” (3:10)
|
“atual
sobreexcelente glória” (3:10)
|
“o
que se desvanecia teve sua glória” (3:11)
|
“muito
mais glória tem o que é permanente” (3:11)
|
O
véu de Moisés escondeu o que se desvanecia (3:12-13)
|
Os
apóstolos falaram com ousadia, sem esconder a esperança (3:12)
|
Os
seguidores do AT ainda têm o véu (3:14-15)
|
O
véu é removido em Cristo (3:14,16)
|
Há
condenação na Lei (3:9; cf. Romanos 3:20; Gálatas 3:22)
|
Há
liberdade no Espírito (3:17)
|
A
letra do AT condena (3:7,9) – a letra mata!
|
Somos
transformados no Espírito no NT (3:18) – o Espírito vivifica!
|
Reinos
Diferentes
O reino
governado pela Antiga Aliança foi limitado. Era limitado em termos de pessoas,
porque era o reino do povo de Israel. Quando Deus revelou aquela lei no monte
Sinai, ele disse: “Assim falarás à casa
de Jacó e anunciarás aos filhos de Israel.... vós me sereis reino de
sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de
Israel” (Êxodo 19:3,6). Era limitado em termos de território,
porque o povo geralmente morava dentro de um território nacional. Deus disse: “Estes,
pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o Senhor,
teu Deus, se te ensinassem, para que os cumprisses na terra a que passas para a
possuir” (Deuteronômio 6:1; cf. 11:8). Estrangeiros foram
obrigados a guardar algumas leis quando moravam no território de Israel: “A
mesma lei e o mesmo rito haverá para vós outros e para o estrangeiro que mora
convosco” (Deuteronômio 15:16).
Mas o
reino da Nova Aliança é universal. Jesus tem “toda
a autoridade . . . no céu e na terra” e mandou
os apóstolos a fazerem discípulos de todas as nações (Mateus 28:18-20). O
reino de Cristo hoje é a “universal
assembléia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus” (Hebreus
12:22-23). Não é limitado por território geográfico, pois este reino é
espiritual (1 Pedro 2:5). A vontade do rei, Jesus Cristo, vale para todas as
pessoas na face da terra (Atos 17:30; Romanos 1:16).
Templos
Diferentes
Há um
contraste semelhante entre os templos das duas alianças. No Antigo Testamento,
a habitação de Deus foi representada por uma estrutura física. O rei
Artaxerxes, da Pérsia, falou do “Deus de
Israel, cuja habitação está em Jerusalém” (Esdras 7:15). No
Antigo Testamento, o templo foi conhecido como “a
Casa de Deus” (2 Crônicas 7:6). É importante frisar o sentido
simbólico destas citações, pois o povo entendeu que Deus não seria limitado
a uma casa material. Salomão perguntou: “Mas,
de fato, habitaria Deus com os homens na terra? Eis que os céus e até o céu
dos céus não te podem conter, quanto menos esta casa que eu edifiquei”
(2 Crônicas 6:18).
Hoje, a
habitação de Deus é espiritual. O conceito do templo ou santuário de Deus é
usado no Novo Testamento em dois sentidos, ambos espirituais. Coletivamente, a
igreja é o santuário de Deus (1 Coríntios 3:16). Individualmente, o cristão
é a habitação de Deus (1 Coríntios 6:19-20; João 14:23).
Conclusão
Hoje, a
presença de Deus não depende da nação em que nascemos. Depende da nossa
decisão de servir a Jesus. Ele disse: “Se
alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para
ele e faremos nele morada” (João 14:23). Vamos amá-lo!
–
por Dennis Allan
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